quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O presente que os três reis magos não levaram para os três sagrados corações e que os que se acham reis e magos desta terra não estão conseguindo dar

Foto daqui.

Três Corações precisa de uma verdadeira identidade.

Não há em Três Corações algo que o povo tricordiano se identifique. E isto é um problema.

Creio, se o povo tiver em sua terra alguma coisa que faça transcender a memória e provocar um bem alicerçado processo de identificação das pessoas com o lugar em que vivem, tornar-se-á, tal lugar, no nosso caso específico, Três Corações, um espaço com clima ideal para o desenvolvimento. Uma imprescindível união entre memória e progresso. Quem disse que preservação da memória do povo e progresso não combina? Esta união é que dará égides ao desenvolvimento (ideal).

Em Três Corações temos uma incrível historicidade, até mesmo a níveis mais amplos que o local: primeira agência do Banco do Brasil do Estado de Minas Gerais devido à circulação de capital ocorrida em consequência da Feira de Gado, que funcionava segundo autorização imperial. Tal circulação de capital levou a construção de linha ferroviária e a se iniciar a utilização de água encanada. Considerável participação na chamada Revolução de 30 Nossa Terra teve havendo ainda hoje marcas de batalhas no portão do cemitério municipal; na Revolução de 30, como se tratava de uma guerra de brasileiros contra brasileiros, alguns militares se recusaram a participar e desertaram se refugiando e formando um quilombo branco no território onde se localiza a mata dos Escoteiros; e nesta mesma mata há ainda um cano d’água dos primórdios da utilização de água encanada na região; ainda nesta mata se encontra belíssima biodiversidade e inclusive um pequeno trecho de Mata Atlântica, que atualmente, em alto risco extinção se encontra. Ainda há as histórias, feitos e peripécias do jagunço Farturinha...e também José Godofredo de Moura Rangel, o Godofredo Rangel, homem polivalente: artista de teatro, tradutor, escritor, amigo pessoal de Monteiro Lobato, cuja amizade começara quando Godofredo Rangel trabalhou em “O Miraneto”, e ele, Rangel, nasceu na data da emancipação oficial de Três Corações: 23/09/1884.

Obviamente, há de ser citado, O Rei Pelé, que nasceu em Três Corações, homem de reconhecimento mundial...

E existem diversas outras histórias e personagens de grande importância para Três Corações. E uma identidade tricordiana só será conquistada pelo apelo à História, memória, à cultura. Com grande prezar pela cultura local e valorização devida desta é que se conseguirá encontrar uma verdadeira identidade para Três Corações, e assim realmente haver algo que o tricordiano possa dizer: isso é de Três Corações, Três Corações é...

Somente pela preservação da memória do povo é que será possível alcançar uma verdadeira identidade tricordiana, algo que seja reconhecido como de Três Corações por todos. Está certo, Pelé...ótimo!Mas uma única pessoa não é a identidade de um povo, o que causa identificação entre o povo e o lugar em que se vive são fatores culturais e sociais... e se um povo se identifica com a sua terra se sente bem e assim, prezar-se-á pelo bem estar social, afinal ninguém gosta de ter aquilo que é seu sendo destruído, depredado, sob má intenções...

Caynã do Prado Viana, 21 anos. Professor. Graduado em História e Pós-graduação lato senso (cursando) em História e Cultura Afro brasileira e membro da Viraminas.

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