Este final de semana fui à missa na igreja do bairro Nossa Senhora Aparecida. Alguém já foi à missa nesta igreja? É sensacional, parece que o mundo pára do lado de fora. Trata-se de uma igreja aconchegante e simples, onde os fiéis ficam mais próximos uns dos outros, dada sua dimensão. E, neste ambiente, o convite à estar junto de Deus vem de maneira suave, sem perceber a missa chegou ao final, com o coração e a alma em êxtase. O padre Décio reforça o convite e esta condição, pois seu jeito simples e marcante fala bem próximo aos ouvidos.

Saí de lá pensando a igreja como um atrativo turístico. Não por sua beleza onipotente, ou pelas marcas de algum artista fabuloso que por aqui passou em momentos de busca de inspiração pelas bandas de São Thomé das Letras – até porque se ele tivesse vindo busca-la, não seria uma boa pintura, pois deveria estar murcho/vazio de inspiração. Mesmo assim a igreja chamou minha atenção. Olha que já estive em outras missas nesta mesma igreja, já havia sido cansativo, cheia demais, sem encantamento.
Mas o que será que mudou? A pintura, as pessoas ao meu redor, a música, o padre? Não acredito que nada disso tenha interferência nesta nova percepção. Quem mudou fui eu. Mudei minha maneira de ver as coisas, estou menos crítico e mais aberto às coisas ao meu redor.... talvez tenha sido a influência das conquistas diárias, a certeza de que o caminho a ser percorrido está logo a minha frente, pode ter sido a presença de um novo membro recém nascido na família, ou mesmo alguns fatos que fizeram com que eu repensasse minha postura... o fato é que mudei.
Algumas pessoas podem dizer que “baixar a guarda” e assumir que se erra é fraqueza... “...pois que seja fraqueza, então...” e “atire a primeira pedra quem nunca errou...”. Sei que há várias pessoas de bem e de bom posicionamento sócio-econômico que assumem seus erros – o Gleyser Dentista é um deles, assumiu publicamente seu erro em defender o sr. Braz Pagani na Câmara, se redimiu, e foi elogiado pelos vereadores; outro foi o Papa, Sumo Pontífice, assumiu os erros da igreja nos tempos do holocausto, é querido por muitos fiéis.
Agora, fico me perguntando: atitudes como estas são necessárias? Atitudes como estas são válidas? Acredito que sim e mais, devemos buscar nos transformar a cada dia, enxergar novas possibilidades e formas alternativas de se fazer as coisas. Aí entra Três Corações. O que podemos fazer diferente? Quais as novas possibilidades para contribuir com seu desenvolvimento?
Vejo, por exemplo, “o futuro da nação”, nós mesmos, jovens profissionais que estão no mercado de trabalho – sejam os médicos, os políticos, os empresários, os catadores de materiais reciclados – por que há tanta resistência conosco? Será que somos tão ignorantes, tão sem experiência, tão entusiasmados que não nos cabe INTEGRAR ATIVAMENTE as tomadas de decisões? O mesmo para as mudanças na ordem da cidade, como, por exemplo, utilizar o Ginásio Pelezão para o carnaval – me lembro que quando foi para planejar o Carnaval 2009 muita gente achou um absurdo o baile de carnaval neste ginásio, conclusão: foi um sucesso, sem brigas!!
Adentrando pela área do turismo, porque não podemos pensar uma Três Corações turística? No início do ano recebemos a visita da gestora e do secretário do Circuito Turístico Vale Verde e Quedas D’Água, que engloba Lavras, Três Pontas, São Thomé das Letras, São Bento Abade entre outras. Ao entrarem na Igreja Matriz Sagrada Família pararam... e abriram a boca... “nunca vi uma igreja assim na região”, disse a gestora. Aquela fala me deixou pensativo, porque de tão acostumado em ir à missa nesta igreja, não havia reparado nos detalhes de sua arquitetura e pinturas, não tinha percebido sua beleza. Olhar com outros olhos nossa cidade, mudar a forma de ver o que a cidade tem para oferecer, perceber o que temos de bom... vale a pena? O que podemos ganhar com isso? Vamos falar bem de Três Corações. Se nós não vemos, tiremos o muro da nossa frente, vejamos com outros olhos. Nós somos capazes disso?
Luis Felipe Branquinho Vargas é turismólogo, Especialista em Administração e Organização de Eventos (SENAC-SP) e Gestão Mercadológica em Turismo e Hotelaria (USP). Diretor de Turismo em Três Corações, sócio-fundador da Viraminas Associação Cultural. Contato: luis.branquinho@viraminas.org.br.
3 comentários:
É Luis Felipe...gosto muito de ler os textos expostos aqui neste sítio, especialmente os seus, pois traduzem exatamente nossa realidade. Nossas cidades são muito parecidas!! Precisamos passar aos nossos visitantes um pouco do que nosso "olhar de turismológo" consegue enxergar. Naquela oportunidade, além de ter visto aquela maravilhosa matriz, com seus magníficos vitrais, nos deslumbramos com uma pequena imagem do Rei Pelé e na quantidade de pessoas que nela paravam e fotografavam. Lembra?
Mas é isso, o caminho é esse! Você está cumprindo seu papel e além disso, como cidadão que adora sua cidade. Parabéns pelo trabalho e espero que publique sempre e aproveite para publicar em outros meios de comunicação local, para que toda a comunidade tenha acesso a estas informações e sejam sensibilizadas para esta valorização.
Abraços...
Bacana esta proposta de ver TC como outros olhos... Nossa cidade precisa ser cada vez mais amada e cuidada. Seria um bom começo se cada um pudesse redescobrir um local e reencontrar este sentimento de pertencimento.
Adorei o texto. Parabéns.
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