domingo, 11 de abril de 2010

Do norte paranaense ao leste europeu: Revista Taturana disseca o cinema

Desde algum tempo estamos tendo, na Viraminas, o cuidado de postar sobre tudo quanto é publicação que chega às nossas mãos. O fato de estarmos na rede de Pontos de Cultura nos põe em contato com muita gente, que talvez jamais teríamos a oportunidade de saber que existem se não fosse pelos encontros, como as Teias e o Brasil Memória em Rede. Por isso, toda vez que voltamos de algum encontro com outros produtores culturais voltamos com as mochilas cheias de revistas, livros, devedês e coisas do gênero.

Quem nos presenteou na Teia Fortaleza com um belo exemplar de revista foi o pessoal do Instituto Kinoarte, de Londrina, Paraná. A publicação foi premiada no último edital de Pontos de Mídia Livre e estava presente no local para o encontro com outros beneficiados pelo edital do MinC.

A primeira coisa que vale destacar é o projeto gráfico da revista. Nada padronizado, o layout mistura um formato diferente (algo como um A5 meio de lado) com fotos absolutamente surreais e montagens que fazem a revista respirar mesmo com a profundidade dos textos. A impressão é numa espécie de papel cartão, mais grosso, e colorida em todas as 52 páginas. A qualidade do design da revista faz jus ao conteúdo. Quem assina a edição geral é Rodrigo Grota.

O exemplar com o qual fomos brindados em Fortaleza é a quarta edição, do verão 2009. Destaque para um texto interessante sobre a história do cinema em Londrina. A matéria atribui ao japonês Hikoma Udihara (1882-1972) o título de pioneiro do cinema londrinense. Não, o japa em questão não era um artista visionário ou um documentarista estrangeiro em visita ao Brasil. Udihara era um corretor de imóveis e registrou as primeiras imagens em movimento para fazer propaganda da cidade a outros colonos japoneses, com os quais tinha negócios a tratar. Das lentes operadas por ele, saíram 10 horas de película, produzidos em 124 filmes curtos e em 37 anos de operação.

Já bem mais à frente, lá pela página 44, a Taturana revela a pluralidade intencional do conteúdo pela reportagem de Edu Reginato sobre o cinema pornográfico do leste europeu. Em um texto bem esclarecedor, o autor Edu Reginato desmistifica a ideia do pornô como estética trash e o coloca num patamar quase que de uma arte libertária. Mas não deixa de ser engraçado ler sobre a opção do mais famoso ator pornô do mundo, John Stagliano, de filmar em Budapeste. A capital húngara estava ganhando status na cinematografia pornô pelo exotismo e excelente "preparo físico" de suas atrizes e acabou ganhando uma boquinha com o diretor e ator da série Buttman Adventures.

A Taturana tem a grande vantagem das revistas de qualidade: não se esgotam em minutos. A edição que está conosco ainda será dissecada com mais cuidado, aos poucos. E, para quem se interessou, as edições da revista podem ser lidas na íntegra na rede social Issuu.com. Para quem é cinéfilo, pesquisador, fã do cinema pornô húngaro ou só mesmo um curioso, vale a pena passar por lá.

0 comentários: