quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Entre dois mundos

Danielle Terra


Vivemos em uma sociedade onde o homem começou a olhar para o belo enxergando o feio. O que é belo se transformou em estranho e assim passou a não se identificar mais com seu habitat natural: a natureza, propriamente dita!

Várias vezes presenciei pessoas indo a um ambiente natural, como uma cachoeira linda, no meio do mato, cheio de pássaros, insetos vistosos, peixes, árvores, flores, ar puro e tudo de mais maravilhoso que compõe esse ambiente. O individuo é morador de uma grande cidade (que nem precisa ser tão grande), chega a tal lugar e estranha tudo! Não sabe andar no mato, se coça todo, grita ao ver um grilo pulando, entra na água e volta correndo para a margem gritando: "Tem um monte de peixinhos assassinos querendo comer meu pé!" O máximo que o agrada é um passarinho bonitinho ou uma bela orquídea que imediatamente e brutalmente a captura para levar para casa.

Esse é o perfil do cidadão cujo habitat natural é uma floresta de cimento e shopping centers. Um mundo criado pelos homens, que se esqueceram de que a matéria prima que os mantém em seu ambiente escolhido vem da natureza, seu ambiente original.

O oposto deste é o grande pequeno homem, que vive em sua cidadezinha do interior. Vive de sua hortinha no quintal de casa, cria suas galinhas, cura as desventuras do corpo e da alma com as ervas do fundo da horta. Se está calor, dá um “tibum” no rio no fundo de seu quintal. Esse pequeno grande homem, em um dia qualquer, vai a São Paulo para uma dessas casualidades da vida. Vai, por exemplo, visitar uma tia que há anos atrás foi trabalhar na metrópole para melhorar de vida. O pequeno grande homem, se vendo na grande cidade, sente-se apenas um pequeno homem, diante de um lugar estranho, que se opõe a sua vida natural. E quando vai a um shopping center, onde ou se vende a matéria (comprando, roupas, tênis, entre outras mundanidades), ou sofre de banzo, fica se sentindo completamente perdido e estranho dentro da floresta de cimento. E percebe que está em outro mundo... Perceberam, leitores distraídos?  Em outro mundo!

A historinha do Zé da cidade grande e do Zé do interior nos leva à importância da conservação da natureza para a sobrevivência humana. Há três princípios básicos para isso: percepção, sensibilização e conscientização ambiental. Não há modelo de conservação sem a identidade pessoal com o meio que o individuo vive. Essa identidade está vinculada ao (re) conhecimento de seu ambiente e de suas origens. Mesmo que o individuo nasça, cresça e permaneça em uma cidade grande, sem contato algum com a natureza, ele irá se sensibilizar ao perceber e entender que o leite vem da vaca (e está no pasto do seu Zé da roça), ou a cenoura vem da terra e sua base vital todinha depende da boa qualidade do meio de vida natural. Ele vai entender que, mesmo estando fora, está dentro disso tudo. E passa a valorizar não só através de um ideal utópico, mas com atos práticos, no dia-a-dia.

Temos o vicio de cuidar só do que valorizamos. E só valorizamos o que identificamos. Esse é o modelo da Identidade Ambiental: Identificar, (re) conhecer, valorizar, amar, cuidar. Para adquirir essa identidade, é necessário se sentir parte de seu meio.

É natural a falta da identificação quando crianças acreditam que o leite vem da caixinha, as frutas vêm do supermercado, a carne do freezer e o refrigerante já existe em alguma fonte! Não se identificam com a natureza, que é a base fundamental para toda nossa existência. Lembrando que a natureza não permanece apenas na Terra. Onde as discussões ambientais ficam apenas voltadas para nosso planeta. Diga-se de passagem, “mera pretensão humana”. A natureza está comportada em todo o universo onde o tempo todo nos doa sua energia vital, natural e boa.

Diante da falta de identidade do Homem com a Natureza, surgem as perguntas: O que há entre a Natureza e o Homem?  Em que momento foi perdida esta conexão? É como se não fizesse mais parte de seu habitat natural. O homem se tornou intruso em sua própria casa: a Natureza!        

Assim caro leitor distraído, deixo-o e despeço-me. Caminhando entre a humanidade concebida sem pecado! 

Danielle Terra é gestora ambiental e sócia da Viraminas Associação Cultural.
Imagem daqui.

7 comentários:

Danielle Terra, Gestora Ambiental e brincadora de escrever Palavras disse...

Paulo, Adorei o desenho do Chico!!!

Valeu pela força companheiro!!

Lincoln disse...

Quem escreveu isto procê Dani. Ficou bom hein.

Lincoln disse...

Quem escreveu isto procê Dani. Ficou bom hein.

Danielle Terra, Gestora Ambiental e brincadora de escrever Palavras disse...

Êita!!! Não Conhece sua amiga né Lincoln?!?! Ainda não viu nada!!! rsrs!

PAULO DE BARROS disse...

Simples, direto e objetivo... Direto na ferida. É preciso nos questionarmos sobre o que queremos para o amanhã... Senão, sequer o teremos. Não há mais tempo para futilidades... A hora é de Agir...Agir...Agir...ou então:......................................................FIMMMMMMM.
Parabéns Dani...

Lincoln disse...

Brincadeira Dani. Ficou lindo. Parabéns querida........

Anônimo disse...

Querida Dani,
Me disseram uma vez que elogio não enche barriga mas aumenta o ego..
Nossa..tú é fera mulher!!

Júlio