terça-feira, 1 de junho de 2010

Pontos de Cultura de Matriz Africana se encontram em Paracatu

Este fim de semana, o Museu da Oralidade participou do encontro de formação da rede Negras Raízes, comandado pelo Ponto de Cultura da Fundação Conscienciarte, de Paracatu, no Noroeste de Minas Gerais. Estiveram presentes vários Pontos vinculados ao programa Cultura Viva e outras instituições para discutir questões que envolvem educação, diversidade cultural e o respeito à religiosidade de matriz africana.

O encontro nos permitiu conhecer boas iniciativas. Uma delas é o Educafro, organização que cria cursinhos pré-vestibulares comunitários para jovens negros e brancos pobres. A representante da iniciativa destacou que este é um dos únicos projetos de educação com recorte racial no Brasil, embora haja vários com recortes sociais, como cursos voltados para sem-terras e comunidades periféricas dos grandes centros urbanos.

Outra iniciativa que podemos destacar é o Monabantu, Movimento Nacional Nação Bantu. O grupo trabalha a conscientização política das comunidades descendentes do povo Bantu, originário de Angola e alguns países vizinhos. Dentre os projetos da iniciativa, está a busca pela reterrorialização das comunidades, hoje espalhadas pelo Brasil afora. A cultura Bantu é presente em várias manifestações culturais de matriz africana, como o Reinado e o Maracatu, e tem mais de dois mil vocábulos de línguas próprias integrados na língua portuguesa falada em território brasileiro.

A Fundação Conscienciarte, que organizou o encontro, apresentou seus projetos. Ao trabalhar com a consciência negra e a inclusão social, a entidade agrega projetos de esporte, capacitação para o trabalho e cultura, dentre outros. Dona de um rol impressionante de projetos, a instituição detém vários prêmios privados e públicos, como o Prêmio Asas e o Prêmio Tuxáua, ambos do Ministério da Cultura.

Fizemos nossa apresentação sobre o projeto Reinado para as Novas Gerações, por meio do qual estamos levantando a memória oral das irmandades de Nossa Senhora do Rosário de Divinópolis para escrita de um livro infantil, que deve ser lançado em agosto. A apresentação foi positiva e engrossou o coro das iniciativas de valorização da cultura de matriz africana ao incorporar a temática da oralidade às discussões.

Foram definidas pelos presentes algumas propostas para valorizar a matriz africana na cultura nacional. O conteúdo das propostas está sendo sistematizado pela Conscienciarte, que deve lançar um documento com o resultado do encontro. Todas as instituições participantes receberam um excelente conjunto de livros e cartilhas sobre matriz africana. Postaremos aqui, em breve, algumas resenhas do material, para compartilhar com nossos seguidores.

Mais informações no blog do projeto Negras Raízes.

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