Mostrando postagens com marcador poesia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador poesia. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Dia de Maria


Danielle Terra



Rabo do fogão a lenha
Esquenta Maria de mansinho...
Fogo ferve água pro chá de cidreira


De noitinha dorme escuta sapo no brejo
Cedinho Maria amanhece dia
Boiada segue de fileira
Sol aponta no alto


Maria avista lá longe
Vento faz redemoinho de poeira


Solidão chega de tardizinha
Maria sonha, escuta Ave Maria no rádio
Busca lenha no terreiro


Rabo do fogão
Esquenta Maria de mansinho
Fogo ferve água pro chá de cidreira
E lá vai Maria, mais um dia...

Foto lkeos'

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Teias da Oralidade #10


Memória oral em versos deste grande mestre da cultura popular, Patativa do Assaré.

O poeta da roça

Sou fio das mata, cantô da mão grossa,
Trabáio na roça, de inverno e de estio.
A minha chupana é tapada de barro,
Só fumo cigarro de páia de mío.

Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argum menestré, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à percura de amô.

Não tenho sabença, pois nunca estudei,
Apenas eu sei o meu nome assiná.
Meu pai, coitadinho! vivia sem cobre,
E o fio do pobre não pode estudá.

Meu verso rastêro, singelo e sem graça,
Não entra na praça, no rico salão,
Meu verso só entra no campo e na roça
Nas pobre paioça, da serra ao sertão.

Só canto o buliço da vida apertada,
Da lida pesada, das roça e dos eito.
E às vez, recordando a feliz mocidade,
Canto uma sodade que mora em meu peito.

Eu canto o cabôco com suas caçada,
Nas noite assombrada que tudo apavora,
Por dentro da mata, com tanta corage
Topando as visage chamada caipora.

Eu canto o vaquêro vestido de côro,
Brigando com o tôro no mato fechado,
Que pega na ponta do brabo novio,
Ganhando lugio do dono do gado.

Eu canto o mendigo de sujo farrapo,
Coberto de trapo e mochila na mão,
Que chora pedindo o socorro dos home,
E tomba de fome, sem casa e sem pão.

E assim, sem cobiça dos cofre luzente,
Eu vivo contente e feliz com a sorte,
Morando no campo, sem vê a cidade,
Cantando as verdade das coisa do Norte.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

APEDRANOCAMINHO DOPOEMADOPOETA

No meio do Caminho de Drumonnd apareceu uma Pedra

Apareceu uma Pedra no meio do Caminho de Drumonnd

Férrea atrevida crescente envolta em ares de mistério

Atravessou-lhe a retina aquela presença descarnada

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Vai começar a Leitura no Ônibus


Na semana passada, começamos a montar as lâminas dos textos do projeto Leitura no Ônibus, que irão para os coletivos de Três Corações nos próximos dias. Num trabalho meticuloso de procura e seleção de poesias de autores consagrados e iniciantes, o Paulo de Barros, que é o idealizador da proposta, chegou aos 320 poemas que vão compor o projeto. Colocou no mesmo balaio estudantes da cidade, escritores desconhecidos do grande público, artistas do interior de Minas, poetas de Três Corações, Hilda Hilst, Carlos Drummond de Andrade, Mário Quintana, Cecília Meireles. Enfim, é a qualidade e a diversidade que vai inspirar os passageiros de ônibus da cidade.

Para quem não sabe do que se trata, o projeto Leitura no Ônibus foi originalmente concebido pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), num programa entitulado A Tela e o Texto. O pessoal da Faculdade de Letras implantou as poesias nas poltronas de várias linhas de coletivos da capital mineira. O trabalho se expandiu e deve chegar em breve à totalidade dos ônibus de BH. O mais legal é que não se trata apenas de um projeto de formação de leitores. Ele também dá uma nova cara aos coletivos, criando espaços de socialização, inspiração e reflexão que envolvem estudantes e trabalhadores da cidade. Os ônibus deixaram de ser só meios de transporte.

Em Três Corações, o trabalho começou nos primeiros meses deste ano, quando o Paulo nos procurou com a proposta. Ele mesmo, entusiasmado, redigiu o projeto original. Já tinha nas mãos a autorização da UFMG para tocar o projeto por aqui. Demos alguns toques e ele enxugou o texto que tinha feito. A ideia do projeto era ótima, pois atende a duas demandas: primeiro, forma público leitor; segundo, dá oportunidade para que artistas locais expressem sua poesia na cidade. Começou, depois, a correr atrás dos patrocinadores, talvez a fase mais complicada. Foram feitas várias reuniões com empresários. Valeu o apoio dado de cara pela Trectur, a concessionária do transporte público tricordiano. Sem ela o projeto nem sairia da gaveta.

A prefeitura, por meio do Secretário de Esporte, Lazer e Cultura, Valério Neder, é outra entidade que está sendo fundamental na realização deste projeto. Partiu do Valério a ideia de integrar o Leitura no Ônibus com o aniversário da cidade, que acontece no dia 23 de setembro. A secretaria já integrou o projeto às festividades e está patrocinando boa parte da iniciativa. A São Marco também adotou a ideia, valorizando a iniciativa do poeta tricordiano. Por fim, a Câmara dos Vereadores é quem completa o time dos patrocinadores. O projeto tem o apoio da Livraria Obra Prima, da Associação Adriverde, da Foto Gibene e da Maria Rita Arte Decorativa.

Agora é aguardar para conferir o projeto nas ruas. A data para estreia é 21 de setembro.